Glenn Greenwald (Nova Iorque, 6 de março de 1967) é um escritor, advogado e jornalista norte-americano, especialista em Direito Constitucional.[1]
Em junho de 2013, através do jornal britânico The Guardian, Glenn Greenwald foi um dos jornalistas que em parceria com Edward Snowden levou a público a existência dos programas secretos de vigilância global dos Estados Unidos, efetuados pela sua Agência de Segurança Nacional.[2][3][4][5] Sua reportagem ganhou o Prêmio Pulitzer de jornalismo em 2014 e, no Brasil foi agraciado com o Prêmio Esso de Reportagem, por artigos publicados em O Globo acerca do sistema de vigilância virtual dos Estados Unidos em território nacional.[6][7][8]
Carreira[editar | editar código-fonte]
Advogado[editar | editar código-fonte]
Em 1996, Greenwald foi um dos fundadores do escritório de advocacia Greenwald, Christoph e Holanda, especializado em Direito Constitucional e Direito Civil dos Estados Unidos.
Jornalista[editar | editar código-fonte]
Em 2005, Greenwald lançou um blog[9] no qual denunciou a infiltração da CIA na investigação envolvendo sua agente, Valerie Plame, especialista em armas de destruição em massa, o assessor do vice-presidente Dick Cheney, Lewis "Scooter" Libby, o jornalista Karl Rove e as mentiras fabricadas para justificar a invasāo do Iraque e denunciadas como falsas pelo marido de Plame, o ex-embaixador Joseph C. Wilson.[10] O caso ficou conhecido como Caso Plame-Wilson e faz parte do contexto de revelações da vigilância global, juntamente com o Wikileaks. Essas revelações contribuíram para confirmar a atuação da Agência de Segurança Nacional dos EUA-NSA na espionagem ilegal e generalizada de países e empresas. Por isso o blog recebeu, em abril de 2006, o Koufax Award na categoria "Best New Blog" de 2005.[11] As revelações também foram mostradas no filme Jogo de Poder, de 2010, dirigido por Doug Liman e estrelado por Naomi Watts e Sean Penn.[12]
Em fevereiro de 2007, Greenwald passou a colaborar com a publicação americana Salon, abordando temas de Direito Constitucional, entre outros. Em 10 de agosto de 2012 começou a trabalhar no jornal britânico The Guardian[13] Em 5 de junho de 2013 , Greenwald através do Guardian, juntamente com vários outros jornais incluindo The New York Times, The Washington Post e Der Spiegel, iniciou a publicação das revelações sobre a vigilância eletrônica global americana executada pela Agência de Segurança Nacional NSA e colaboradores. Em 15 de outubro de 2013, Greenwald anunciou que estava deixando o jornal The Guardian[14] para aproveitar uma oportunidade que, segundo ele, nenhum jornalista poderia recusar: iniciar o The Intercept,[15] uma publicação da First Look Media, criada pelo próprio Glenn Greenwald juntamente com Laura Poitras e Jeremy Scahill.[16]
Em 16 de outubro de 2013, Pierre Omidyar, fundador da eBay anunciou que iria financiar o novo meio de comunicação, a First Look Media, sendo The Intercept a publicação a cargo de Glenn Greenwald , Laura Poitras e Jeremy Scahill, contando com doação de 250 milhões de dólares americanos.[17] Pierre Omidyar, fundador da eBay, investiu no empreendimento quantia igual ao investimento de Jeff Bezos, fundador da Amazon.com ao adquirir o jornal The Washington Post.[18]A primeira edição de The Intercept publicou fotos secretas da NSA reveladas pela primeira vez.[19] A meta de longo prazo, segundo Greenwald, é "produzir um jornalismo corajoso, confrontando uma ampla gama de tópicos como corrupção, política financeira ou violação de liberdades civis."
Escritor[editar | editar código-fonte]
Greenwald é um premiado colunista de política dos Estados Unidos e autor de vários best-sellers[20]:
- Sem lugar para se esconder, publicado em português sob o selo Primeira Pessoa, da Editora Sextante,[21] lançado em maio de 2014 (título original em inglês No Place to Hide: Edward Snowden, the NSA, and the U.S. Surveillance State, ISBN 978-0771036781). O livro contém informações sobre a vigilância global da NSA que não haviam sido publicadas pela imprensa até maio de 2014, incluindo os nomes das empresas americanas parceiras principais da NSA no projeto de vigilância e espionagem mundial,[22][23] entre elas Qualcomm, fabricando e vendendo no mercado mundial equipamentos com backdoors para os malwares que facilitam a espionagem, Cisco, Oracle, Intel, Qwest, EDS, AT&T, Verizon,Microsoft, IBM.[24][25][26] Descreve também os bastidores da investigação e a revelação da vigilância global americana.[27]
- Great American Hypocrites (2008).
- A Tragic Legacy (2007)
- How Would a Patriot Act? (2006)
Suas análises sobre a vigilância governamental americana e a Teoria da separação dos poderes foram citados nos jornais The New York Times, The Washington Post, em debates no Senado e na Câmara de Representantes dos Estados Unidos.
Programas de Vigilância Global dos Estados Unidos[editar | editar código-fonte]
Greenwald foi inicialmente contatado por Edward Snowden no final de 2012.[28] Seguindo instruções de Snowden, Greenwald passou a adotar medidas para proteger suas comunicações, tais como criptografia de e-mails. Snowden também contatou a documentarista Laura Poitras em janeiro de 2013, que passou a trabalhar com Greenwald para preparar a publicação das denuncias de espionagem.[29][30] Os primeiros documentos foram publicados em 6 de junho de 2013.[31][32][33] No Brasil, o programa Fantástico do dia 8 de Setembro de 2013, baseado em documentos fornecidos por Snowden a Greenwald, revelou que a NSA vem espionando a Petrobrás com fins de beneficiar os americanos nas transações com o Brasil.[34] Ainda em 2013, em reportagem com a jornalista Sônia Bridi, Greenwald revelou que além de grandes empresas como a Petrobrás, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, foi espionada pelo governo americano.[35] A partir de então, as revelações têm provocado reação em todos os países do mundo e na comunidade de especialistas na segurança da Internet.[36][37] Elas vão desde a participação nos programas de vigilância de empresas como Google, Facebook, Microsoft, a contaminação de computadores no mundo todo e a quebra dos códigos de criptografia da internet, fazendo toda a internet vulnerável a ataques, tanto pela NSA americana, como por predadores e criminosos.[38]
Greenwald tem sido um defensor de que seja concedido asilo a Snowden pelo governo brasileiro. No Brasil, a concessão de asilo político é uma possibilidade prevista pela Constituição e é uma prerrogativa do Executivo, por meio do Ministério da Justiça. Em 2013, Edward Snowden demostrou publicamente que gostaria de obter asilo político do governo brasileiro.[39] Por meio de uma campanha na internet que permite a assinatura de petições, Snowden buscou obter o apoio da população brasileira para viver no Brasil. Esta foi a segunda vez em que o ex-consultor abordou seu pedido de asilo ao governo brasileiro. Quando as primeiras denúncias sobre espionagem dos Estados Unidos vieram à tona, Snowden pediu asilo político a 21 países, entre os quais Brasil. Os países foram pressionados pelos Estados Unidos a recusar asilo a Snowden.[40][41] Apesar da pressão americana, Bolívia, Nicarágua e Venezuela ofereceram asilo a Snowden.[42] Surgiram notícias de que Snowden estaria disposto a fornecer informações ao Brasil em troca de asilo politico. Tais afirmações foram rebatidas por Snowden como não procedentes em entrevista aberta aos meios de comunicação.[43] Em 22 de dezembro de 2013, em entrevista à repórter Sônia Bridi, da Rede Globo, Snowden afirmou que "nunca vai trocar informações por asilo", mas que se o governo oferecer, vem morar no Brasil. Afirmou: "Claro! Se o governo brasileiro quiser defender os direitos humanos, será uma honra para mim".
O Brasil se tornou um alvo prioritário para a vigilância americana, segundo revelaram os documentos publicados por Greenwald[44] O jornalista apresentou documentos que mostram que o governo dos Estados Unidos espionou milhões de telefonemas e e-mails de brasileiros, além das ligações de diplomatas e da presidente Dilma Rousseff.[14][35] Os documentos revelaram ainda que a NSA contou com a ajuda do Canadá para invadir as comunicações do Ministério de Minas e Energia.[45] O Canadá faz parte dos chamados Cinco Olhos: Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos.[46][47][48]
Em depoimento ao Congresso Nacional do Brasil em agosto de 2013, Greenwald testemunhou que o governo dos EUA tinha usado o combate ao terrorismo como um pretexto para a vigilância clandestina, tendo por finalidade aumentar suas vantagens ao competir com outros países em áreas empresariais, industriais e econômicas.[49][50] Em 18 de dezembro de 2013, Greenwald depôs diante da Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos, parte da Comissão Europeia de acordo com o Tratado de Lisboa (2007) sobre o sistema de vigilância americano.[51] Naquela ocasião, com relação a situação de Edward Snowden asilado temporariamente na Rússia, disse que "a maioria dos governos ao redor do mundo não está apenas virando as costas para Edward Snowden, mas também para suas responsabilidades éticas". Falando através de um link de vídeo, Greenwald afirmou que "é o Reino Unido, através da intercepção de cabos de fibra óptica submarina, a principal ameaça para a privacidade dos cidadãos da União Europeia, quando se trata de seu telefone e e-mails". Disse aos deputados da Comissão das Liberdades Civis que os governos de todo o mundo se beneficiam da decisão de Snowden de revelar a vigilância americana. O relatório do Parlamento Europeu pode ser consultado na integra.[52]
Processo de Impeachment de Dilma Rousseff[editar | editar código-fonte]
O jornalista tem sido um dos aderentes à tese que o processo de impeachment da presidente brasileira Dilma Rousseff seria uma tentativa de golpe de estado, uma trama das elites políticas brasileiras com auxílio da mídia corporativa para tomar o poder executivo através da atuação de parlamentares no âmbito das instituições públicas.[53][54] Tal postura do jornalista arrancou elogios do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que aderiu à Greenwald questionando o tom da cobertura da imprensa brasileira ao recomendar a entrevista concedida por Greenwald a Christiane Amanpour, da CNN, a qual classificou como "informação objetiva, clara, sem viés político".[55] Em função do enorme prestígio internacional que acumulou através de sua carreira como jornalista investigativo, Greenwald tem sido um dos profissionais de imprensa mais procurados pelos veículos de comunicação internacionais em busca de análises políticas sobre a conturbada situação do país sul-americano onde reside. Em virtude desta conjuntura de eventos, o jornalista foi o primeiro a ser contemplado com uma entrevista exclusiva com a presidente Dilma Rousseff após ela sofrer o afastamento sob votos do senado federal.[56]
A revista Veja, porém, afirmou que o jornalista norte-americano "tem empunhado a bandeira governista e petista de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff tem base frágil e, na melhor das hipóteses, duvidosa", e um editorial do Estadão o classificou como "um ativista da causa petista" que produz o que eles classificam como 'desinformação'. Em resposta a essas críticas, Greenwald declarou ter orgulho de ser atacado pela Veja, e acusou o jornal Estado de S. Paulo de inventar aspas em um texto atribuído a ele, que foi veiculado pelo editorial “O Jogo Sujo da Desinformação”, trazendo uma suposta citação de Greenwald na publicação do dia 29 de maio de 2016. O norte-americano utilizou o Twitter para rebater o jornal por tê-lo qualificado desta forma negativa e inventado citações falsas.[57] Para o jornalista norte-americano, a imprensa tradicional brasileira está irritada por não poder mais controlar as informações que os brasileiros recebem, e o Estadão estaria demonstrando uma mentalidade típica de quem aplaudiu a ditadura militar.[58]
Premiações[editar | editar código-fonte]
- Em abril de 2014, Glenn Greenwald, juntamente com Laura Poitras, Ewen MacAskill do The Guardian e Barton Gellman do The Washington Post,[59][60][61]recebeu Prêmio George Polk de Reportagem de Segurança Nacional,[62] pelo trabalho jornalístico com base em documentos fornecidos por Edward Snowdenem junho de 2013, revelando o sistema global de vigilância criado pela NSA e seus aliados, os chamados Cinco Olhos.[63] Na ocasião da entrega do prêmio, Laura Poitras e Glenn Greenwald, cidadãos americanos, estavam entrando pela primeira vez[64] nos Estados Unidos depois que as revelações da espionagem americana através da NSA começaram a ser publicadas, devido à intimidação que vêm recebendo do governo americano pelo seu envolvimento na publicação dos documentos. O governo americano se referiu aos jornalistas que revelaram a espionagem da NSA jornalistas como "cúmplices" de Snowden, sugerindo que poderiam ser presos caso retornassem aos Estados Unidos, por terem desvendado o esquema de espionagem da ANS a partir dos documentos vazados.[65]
Glenn Greenwald reside no Rio de Janeiro, e Laura Poitras reside em Berlim, em um auto exílio que, segundo ela, resultou da impossibilidade de realizar seu trabalho nos Estados Unidos sem ser intimidada pelos órgãos do governo americano.[66] Ao receber o prêmio, Poitras disse: "Esse Prêmio é de Snowden", por ter colocado sua vida em risco para revelar ao mundo os propósitos dos Estados Unidos e seus aliados de língua inglesa, os Cinco Olhos, de dominar as comunicações a nível mundial.
- Em 14 de abril de 2014, com o jornal The Guardian, onde Greenwald e Laura Poitras iniciaram a publicação da materias sobre a NSA, e com o The Washington Post, recebeu o Prêmio Pulitzer 2014 de jornalismo,[67] o mais importante prêmio de jornalismo nos Estados Unidos, pelas publicações das revelações da vigilância global baseadas nos mesmos documentos revelados por Edward Snowden.[68][69][70][71][72]
- Prêmio Esso de Reportagem em 2013, pelo trabalho A espionagem a cidadãos e empresas no Brasil, concedido a Greenwald e aos jornalistas Roberto Kaz e José Casado, de O Globo.[73]
Vida pessoal[editar | editar código-fonte]
Greenwald vive atualmente no Rio de Janeiro, com seu marido de mais de treze anos, o brasileiro David Miranda.[74]
Em 2016, Miranda foi eleito Vereador do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).[75] Em 2017, o casal anunciou que havia adotado dois filhos alagoanas, de Maceió.[76]
Miranda é visto como o braço direito do jornalista Greenwald, tendo sido responsável pela escolha do programa que viria a exibir as revelações sobre a espionagem americana - o Fantástico da TV Globo. Segundo Greenwald, o fato de o Brasil reconhecer os direitos de casais homossexuais, (ao contrário do que ocorria nos EUA), motivou a imigração.[77][78] David Miranda passou a ser conhecido do público quando foi detido pela Polícia Metropolitana de Londres, a Scotland Yard, em agosto de 2013, no Aeroporto de Londres Heathrow.
Ameaças e intimidação[editar | editar código-fonte]
Detenção de David Miranda[editar | editar código-fonte]
Em agosto de 2013, a Polícia Metropolitana de Londres deteve o marido de Greenwald, David Miranda[79] quando ele viajava de volta da Inglaterra para o Brasil. Miranda foi duramente interrogado e ficou detido por nove horas, incomunicado, sem lhe darem sequer o direito de fazer uma ligação telefônica muito menos contatar um advogado. Após o interrogatório, seu laptop, telefone, computador, câmera e outros objetos pessoais foram apreendidos.[80] Para justificar sua detenção, a Inglaterra fez uso de lei britânica antiterrorista - o Anexo 7 do Terrorism Act 2000, o equivalente britânico do PATRIOT Act americano, considerando o brasileiro como suspeito de terrorismo[81][82] A Anistia Internacional afirmou que Miranda foi "claramente vítima de uma injustificada tática de vingança" contra Greenwald. Por sua vez, o jornalista descreveu a detenção de seu parceiro como intenção de intimidação àqueles que têm vindo a escrever sobre a NSA e sobre a conivência do governo britânico com o sistema de vigilância global através do serviço de inteligência britânico, o Government Communications Headquarters(GCHQ). Desde então, ele processou a Polícia Metropolitana londrina.[83][84] Em fevereiro de 2014, a Justiça Britânica considerou a detenção de David Miranda como sendo legal.[85] Ele recorreu da decisão de tribunal londrino que classificou como legal sua detenção em Londres sob a alegação de suspeita de terrorismo mas foi derrotado.[86] Contudo, os juízes estimaram que um artigo-chave desta lei antiterrorista promulgada no ano 2000 - mais especificamente seu anexo 7 -, que amparou a atuação policial contra David em Londres, é contrário à lei europeia e que portanto cabe ao Parlamento britânico mudá-lo.[87]
Contra Glenn Greenwald[editar | editar código-fonte]
Imediatamente após se iniciarem as revelações dos programas de vigilância global americana, a residência de Greenwald foi invadida e apenas um laptop roubado do local apesar de haver outros objetos de valor na residência.[88] Assim como com Edward Snowden, políticos americanos têm dado entrevistas se referindo a Greenwald como merecedor de punição por haver publicado os documentos fornecidos por Snowden.[89]
Greenwald, ao falar à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Brasil no início de agosto de 2013, esclareceu que há documentos em sua posse ainda em fase de análise e que serão divulgados posteriormente, e que estes contêm informações estratégicas sobre a política e o comércio do Brasil. Em 2013, foi instalada pelo Senado Federal do Brasil uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem para investigar as denúncias relacionadas ao Brasil, e na primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito em 3 de setembro de 2013, foi imediatamente aprovado requerimento solicitando proteção da Polícia Federal para o jornalista Glenn Greenwald e seu marido, David Miranda, uma vez que o americano e seu cônjuge brasileiro são considerados testemunhas-chave do caso.[90][91][92] Mesmo com a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem e aprovação do pedido de proteção ao jornalista Glenn Greenwald e David Miranda, Greenwald vem sendo aconselhado por seus advogados a não se ausentar do Brasil onde vive, sob risco de ser alvo do governo de seu próprio pais, os Estados Unidos.[93]
Contra The Guardian[editar | editar código-fonte]
O jornal sofreu uma série de ameaças através do GCHQ, o serviço de inteligência britânico equivalente à NSA nos Estados Unidos, tendo sido obrigado a destruir seus computadores em frente aos agentes do serviço de inteligência britânico (GCHQ), em 20 de julho de 2013.[94][95][96] Os repórteres envolvidos foram aparentemente colocados sobre intensa vigilância conforme conta o repórter Luke Harding, em seu livro "The Snowden Files" publicado na Inglaterra em fevereiro de 2013, que revela que enquanto ele trabalhava escrevendo o livro sobre os fatos ligados ao caso da NSA, a tela de seu computador era misteriosamente apagada e os textos escritos continuamente desapareciam.[97]
Contra Edward Snowden[editar | editar código-fonte]
Após as revelações, oficiais e políticos americanos também foram a televisão clamar publicamente pelo assassinato de Snowden,[98][99][100][101][102] insistindo em "represálias físicas contra Edward Snowden".[103] O ex- Diretor da NSA, Michael Hayden, ao falar em uma conferência promovida pelo Washington Post, externou, em tom de brincadeira, o seu desejo de colocar Snowden em "uma outra lista", uma lista de assassinatos seletivos. O episódio foi divulgado em outubro de 2013, sob o título em inglês "Former NSA Director jokes about putting Snowden on a 'kill list,' says he 'hopes' NSA is involved in targeted killings" (em português: Ex-diretor da NSA faz piada sobre colocar Snowden em uma 'lista da morte', dizendo que espera que a NSA esteja envolvida em assassinatos seletivos"). Hayden foi imediatamente apoiado pelo deputado republicano Mike Rogers, da Comissão de Inteligência do Congresso, que se ofereceu para ajudar Hayden na tarefa de eliminar Snowden.[104][105] O uso de drones para assassinatos seletivos foi oficialmente reconhecida pelo governo dos Estados Unidos.[106]
No livro Virada no jogo ("Game Change") sobre a campanha presidencial americana de 2008, de autoria dos jornalistas Mark Halperin e John Heilemann, foi publicado que Obama, discutindo sobre os polêmicos ataques de aviões não tripulados, disse a seus assessores durante a campanha presidencial de 2012 que "sou bom em matar pessoas".[107][108] As tais listas de pessoas a serem assassinadas[109] incluiriam também cidadãos americanos.[110][111][112] Um dos casos que provocou maior indignação, porque mostrou que americanos também podem ser alvo do seu próprio governo, foi o caso de Abdulrahman al-Awlaki, um adolescente de dezesseis anos, nascido em Denver Colorado, e que foi morto em um ataque por drone devidamente autorizado pelo governo americano. O menino não tinha nenhuma relação com redes terroristas e foi alvejado pelo drone quando fazia uma refeição com amigos. Após a morte de Awlaki, o Pentágono disse "ter cometido um erro".[113][114][115]
O advogado russo de Edward Snowden, Anatoli Kucherena, afirmou, em declaração ao canal de televisão russo Vesti, que as ameaças à vida de Snowden "são reais. Existem de verdade". Ele parece se referir a artigo publicado pelo site americano BuzzFeed, em meados de janeiro de 2014, intitulado "Espiões americanos desejam a morte de Snowden". O artigo publicou a declaração de um alto funcionário do Pentágono que teria dito que "adoraria colocar uma bala na cabeça de Snowden". Outro alto funcionário teria dito, diante de uma enorme plateia, que adoraria ver Snowden esbarrar casualmente em alguém ao sair de um supermercado para morrer algumas horas depois no chuveiro. A insinuação seria de que um esbarrão casual seria o suficiente para um agente ter a oportunidade de injetar em Snowden um veneno fatal que só iria se manifestar algumas horas depois, de modo a não caracterizar a morte de Snowden como assassinato.[116][117]
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